SAINDO DO ABISMO
Oi,
Me chamo Paulo, e sou morador de uma região periférica da Região Metropolitana de São Paulo ( popularmente chamada de Grande Sp). Francisco Morato, esse é o município que "escolhemos" para construir uma simples casa de dois cômodos e um banheiro para abandonar o aluguel de uma vez por todas. O bairro que moro? Feio, cheio de buracos nas ruas, um bucado de lama quando chove, formando mimi-lagos marrons que podem te engolir, mas um por do sol espetacular, Minha casa fica numa região alta, de modo que não nos preocupamos com enchentes e ainda visualizamos com privilégio esse incrível por do sol ao qual citei. Sempre que posso fico observando e pensando como seria bom poder ultrapassar aquele horizonte voando e conhecer lugares novos.
O início deste blogger acompanha o início de um desafio que proponho a mim mesmo. Meu único anseio é criar uma espécie de persona que possa me avaliar e pressionar avante ao meu objetivo, que logo ficará mais claro.
Existe um momento obscuro na minha vida que descrevo como uma espécie de vácuo cinzento, que escureceu conforme o tempo passou, me absorvendo cada vez mais para seu interior interminável. Esse vácuo me arrastou para longe de mim mesmo, fazendo com que eu me perdesse dos meus sonhos, dos meus desejos mais singelos e da pouca essência que me preenchia. Um estado absoluto de tristeza me consumiu, perdi forças a cada dia que avançava, os minutos penetravam meu consciente, avançando contra mim, prostrado sobre a cama, absorvido pelo aparelho de telefone. Tudo isso só piorou, ao ponto em que eu já não sabia mais qual a minha função neste mundo em que eu me encontrava paralisado, como que envenenado por uma víbora peçonhenta.
As noites se transformaram em dias, ao notar, estava indo dormir pelo amanhecer, chegando a acordar duas horas da tarde! Mais uma sensação de pânico tomou o meu corpo quando me deparei com o tempo que havia passado desde que essa tristeza me absorveu: mais de um ano. Um ano inteiro ao qual nada foi realizado, nada. Prometi mudar em 2019? Claro que sim. Prometi que seria o ano da minha vida, no sentido de estudar e colocar em prática todos os meus objetivos pessoaias. Mais de três meses já se passaram e pouco foi realizado, muito pouco mesmo, mal consigo terminar Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez. Muito pouco do que é planejado se conclui. Não consigo abandonar essa onda circular.
Me sinto infinitamente melhor com relação ao estado mórbido em que me encontrava, um processo que foi realizado por conta própria ( psicólogo é algo inviável ) no decorrer de alguns meses. Como? Busquei filmes que ascendesse novamente o meu desejo pela vida. Harold e Maude foi um desses filmes que me ajudaram a retomar o brilho no olhar que havia se apagado. Livros, um deles, A hora da estrela, Clarice Lispector. A dor de Macabéa se transformou na minha dor, a sua morte foi a minha morte, e eu quis viver para poder honra-la. Carolina de Jesus , outra personalidade que disferiu um soco no meu estômago. Me lembro de pensar: "se ela conseguiu, também posso". E é claro que podemos, mas meu estado melancólico não permitia enxergar o meu potencial, apagou a minha luz. Por fim, a música, sim, a música também me salvou, Do MPB ao qual sou apaixonado e fã, ( obrigado Maria Bethânia pela sua existência, pelos versos e versos que ouvi pelos seus lábios ) ao pop dos EUA, chegando em sopranos como Montserrat Caballe.
Um processo pessoal, íntimo, que fiz com muito cuidado, pois tudo era amplificado. Me lembro de chorar por dias após assistir Call Me By Your Name ( Me Chame Pelo Seu Nome), O filme é muito triste, sim. Mas sofri de forma demasiada, chegando a atrapalhar o meu dia, diante da minha tristeza abundante. Percebi que deveria ter cuidado com tudo o que optava ver e ler. Logo, uma das minhas medidas, foi deixar de ler o noticiário a todo instante, entendendo que pouco poderia fazer pela humanidade, ainda mais no atual estado que me acompanhava. Deletei definitivamente o meu Facebook. Mantive apenas o meu Instagram, uma rede social que eu realmente gosto por amar fotografia, mas que tambèm vem se tornando tóxica, exigindo cuidados maiores e me levando a questionar se não seria uma boa livrar-se, assim como a anterior. O que dizer do whatsApp? Outro aplicativo que rouba nosso tempo. Vontade de deletar não faltou, e sentir o doce gosto da liberdade, faltou coragem, e é algo que preciso para me comunicar com a minha mãe, que não mora comigo. Quem sabe um dia? Sim. É algo que acredito valer excluir definitivamente, o mundo existia antes dele e pode continuar a existir sem ele.
Eu quero deixar esse estado, quero ser o profissional que sempre sonhei, Visitar os lugares que sempre quis. Eu quero mais. Não existe outra forma além dos estudos, como uma professora me disse uma vez: revolta de pobre é meter a cara nos livros e estudar". E é isso mesmo. Então, quanto tempo ainda iremos perder diante do celular, espiando a vida dos outros e imaginando como aquela vida poderia ser nossa, sem pensar nos esforços que levaram tal pessoa até aquele ponto? Estou cansado de pensar em tudo que poderia ter realizado se deixasse meus vícios e procrastinação de lado. Sei que podemos ser muito, mas estamos perdidos diante dessa contemporaneidade que nos assola, tem sido difícil lidar com a liberdade.
Acho que nada nesses posts serão muito linear, a vida não é, a minha é uma confusão. Mas tentarei relatar o máximo da minha evolução em busca de usar como incentivo, como uma persona virtual que cobra a minha evolução. E quem sabe isso não ajude mais alguém, me deixaria feliz.
Meu desafio começa oficialmente amanhã, 04/04/2019. Ele consiste em:
1. Aperfeiçoar o meu próprio idioma;
2. Aprofundar meus conhecimentos em Literatura Brasileira;
3. Aprender inglês, promessa de todo ano que nunca realizo.
- Estou disposto a renunciar diversas coisas, me dedicar e evoluir. Muitos dizem não ser possível recuperar o tempo perdido. Tentarei ir contra essa afirmação.
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